Para toda prova, um troféu. Para toda chegada, uma medalha. Em qualquer esporte, elite ou amador, são muitas formas de celebrar a sensação de vitória. Na Paris-Roubaix, o vencedor e o último colocado compartilham a mesma conquista: o tradicional banho no vestiário do velódromo de chegada.
Antes de explicar, um parêntese, a Paris-Roubaix acontece neste final de semana em suas versões masculina e feminina. Falamos dela aqui essa semana quando confirmamos a presença brasileira com o ciclista Vinicius Rangel, da Movistar. A Paris-Roubaix é a mais importante entre as 5 Clássicas Monumento e seu banheiro pode ser considerado uma das explicações para isso.
Resumindo muito algo centenário, a grande dificuldade nas estradas de paralelepípedo, a chegada gloriosa no velódromo e o vestiário de Roubaix formam um trio de fatores que sustentam as peculiaridades da corrida francesa. Sempre tão dura quanto fotogênica. As imagens da Paris-Roubaix sempre rodam o mundo. Seja a glória da vitória ou os inúmeros acidentes.
A tradição do banheiro é muito inusitada. As fotos naquele ambiente extremamente simples é o que há de mais contraditório nos tempos do “instagramável”. A dor, o cansaço, a satisfação da vitória refletem imagens memoráveis. O sacrifício de completar uma prova tão dura expressa em cada poeira ou lama seca que ultrapassou o uniforme ou capacete e grudou no corpo.
Volte umas décadas e o vestiário era uma necessidade. Remover toda aquela poeira ou lama seca que em cada milímetro exposto do corpo suado e exaurido pelos quilômetros percorridos sempre foi uma cena importante. O encontro de diversos sentimentos naquele espaço, junto com as placas alusivas aos campeões anteriores construíram uma aura que só cabe ali.
Com o tempo, os ônibus das equipes se modernizaram e todo o circo ao redor foi evoluindo. O vestiário se tornou desnecessário. Isso aconteceu com muitos outros esportes onde era comum esse tipo de registro intimista. Mas não em Roubaix. Chegar ao velódromo e usar o chuveiro daquele espaço sagrado são itens de colecionador no currículo. Mesmo que seja em último lugar, depois do tempo limite. Não importa.
A versão feminina da prova, criada há 4 anos, também segue a mesma linha e nos brinda com imagens riquíssimas. Ano passado, o campeão da prova, Mathieu Van der Poel foi acompanhado por mais de 20 fotógrafos enquanto toma sua ducha vencedora. Uma curiosidade é que sua equipe tem como patrocinador principal uma marca de shampoo, a Alpecin, que obviamente surfou na onda.
A 121ª Paris-Roubaix tem transmissão ao vivo no Brasil pela ESPN e pelo app Star+ a partir das 9h30. No sábado acontece a 4ª edição da versão feminina, a partir das 10h30. Infelizmente, o banho não é transmitido. Mas fique de olho nas redes sociais. Para matar a vontade, a foto e o vídeo de como foi no ano passado.
Un moment gravé pour l’éternité. pic.twitter.com/FYnZI23Wna
— Les Amis de Paris-Roubaix (@A_ParisRoubaix) April 9, 2023