Um grande debate surgiu no mundo olímpico. Menos de 100 dias para os Jogos Olímpicos de Paris, entidades e federações discutem a iniciativa da World Athletics em premiar com dinheiro os medalhistas de ouro no atletismo.
A decisão da Wold Athletics contempla para cada campeão olímpico um prêmio de 50 mil euros (cerca de R$ 276 mil no câmbio atual). E já está estipulado que a partir de Los Angeles 2028, os medalhistas de prata e de bronze também receberão da entidade máxima do atletismo uma quantia.
“A introdução de prêmios em dinheiro para medalhistas de ouro olímpicos é um momento crucial para a World Athletics e para o esporte como um todo, ressaltando nosso compromisso em capacitar os atletas e reconhecer o papel essencial que eles desempenham no sucesso de qualquer Jogos Olímpicos”, afirmou o presidente da World Athletics Sebastian Coe, campeão olímpico dos 1.500m em Moscou 80 e Los Angeles 84.
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CAMINHO SEM VOLTA
Há algumas décadas o esporte olímpico caminha para a profissionalização e rompe cada barreira que separa o dinheiro do espírito esportivo. Não faz tanto tempo assim que as modalidades não permitiam a presença de esportistas com contratos profissionais.
Um exemplo clássico era a ausência dos jogadores da NBA nos JO, algo que morreu com a presença do primeiro Dream Team em 1992.
Aos poucos, o ‘Espírito Olímpico’ ficou restrito aos atletas, com todas as entidades arrecadando volumes significativos de patrocínio. Assim, os Comitês Olímpicos começaram a receber dividendos do COI e, posteriormente, bonificar os esportistas financeiramente por conquistas olímpicas.
O Brasil faz isso desde Tóquio e o COB (Comitê Olímpico Brasileiro) anunciou sua ‘tabela’ para Paris. Um ouro pode valer entre R$ 350 mil (individual) até 1 milhão (esportes coletivos).
O COI ainda resiste em um pagamento direto. Vale a honra olímpica. O prestígio de conquistar o posto de melhor entre os melhores. Mesmo que ninguém ignore que a medalha, indiretamente, vai mudar a vida financeira de qualquer esportista.
E nem se discute o quanto isso é justo. Nem está em pauta também a relevância da medalha para a carreira de esportistas que ganham muito mais dinheiro de outras maneiras.
COMUNIDADE RECLAMA
Ainda não se pode medir os efeitos da decisão da World Athletics. Mas muita gente já se posicionou contra a escolha da entidade de premiar ‘seus’ 48 ouros olímpicos.
Andy Anson, chefe do Team GB, o vitorioso projeto olímpico britânico lamenta que a World Athletics tenha tomado essa decisão sozinha e acredita que outros esportes serão pressionados por seus esportistas.
O francês David Lappartient, presidente da UCI, entidade que regulamenta o ciclismo em todas as suas modalidades, afirmou que a decisão fere o espírito olímpico e sugere que o dinheiro repassado pelo COI seja usado para a formação de talentos.
“Se concentrarmos dinheiro em atletas de ponta, muitas oportunidades desaparecerão para atletas de todo o mundo. A iniciativa do Atletismo não foi discutida com os demais e eu lamento”, afirma Lappartient.
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