“Sonho realizado. A natação pode ser um esporte solo, mas, neste momento, ele definitivamente não é individual. Obrigada de coração aos familiares, amigos, alunos, minha equipe técnica e multidisciplinar, empresas apoiadoras e toda comunidade aquática que estiveram comigo nesses 2 anos de preparação. Essa conquista é uma mensagem para todos, especialmente para outras mulheres: Acredite em si, reúna as ferramentas necessárias para atingir suas metas e batalhe, você pode construir e conquistar tudo o que quiser”, conta.
Foram aproximadamente 44,5 quilômetros nadados entre a largada na cidade de Dover, na Inglaterra, e chegada em Calais, na França. A temperatura da água estava entre 17,5 e 18,5 graus Celsius, com temperatura externa de 15 graus no início e chegando a 25 grau no término do trajeto. Lembrando que, de acordo com as regras da Associação responsável por homologar o nado, é proibido o uso de neoprene. A capixaba nadou apenas de maiô, touca e óculos de natação.
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De acordo com o treinador Samir Barel, que foi o 24o brasileiro a cruzar o Canal da Mancha (2015), a estratégia adotada para que o nado fosse bem sucedido foi a natação noturna. “Largamos 1h58 da madrugada de domingo. Estudando as condições climáticas e características do local juntamente com nosso barqueiro, chegamos a conclusão que, nesse período, iríamos cruzar com uma corrente única, o que provocaria menos desgaste físico e iria poupar energia para o trecho final, que tem uma corrente forte e já bastante conhecida”, explicou.
Frio, corrente, cansaço e águas vivas
O que faz do Canal da Mancha uma travessia tão famosa é o altíssimo nível de dificuldade para executá-la. Segundo estatísticas das instituições responsáveis pela travessia, apenas 8% dos cerca de 250 inscritos por ano para o desafio conseguem de fato finalizar a prova.
A correnteza impede o nado em linha reta, forçando o nadador a realizar uma “barriga”, aumentando tanto a quantidade de quilômetros nadados (a menor distância possível é de 33,3km) como o tempo para conclusão do trajeto. Mais próximo da França, a corrente é ainda maior, fazendo com que o nadador fique “patinando” (nadando sem sair do lugar), o que exige força física e mental para superar o obstáculo. No caso da brasileira, foram 3 horas para ultrapassar esse trecho de aproximadamente 5 quilômetros.
Thaís ainda teve que lidar com outras adversidades, como o vento, variando de 5 a 12 nós, gerando um pouco de ondulação; a baixa visibilidade, tanto durante a natação noturna, como pela intensa neblina nas primeiras horas do dia; e pela presença de águas vivas.
“Foi um período muito tenso. As águas vivas tinham tentáculos grandes, uma acabou pegando na minha perna, mas, estou bem. O cansaço é grande, claro, mas estou muito emocionada e feliz”, conta a educadora física, que reside em Campinas (SP).
NÚMEROS DA TRAVESSIA AO CANAL DA MANCHA
Pioneiro: Matthew Webb (GBR): 21h45min (1875)
Primeira mulher: Gertrude Ederle (EUA): 14h39 (1926)
Recorde do percurso: Andeas Waschburger (ALE): 6h45min (2023)
Recordista entre as mulheres: Yvetta Hlaváčová (CZE) – 7h25min (2006)
40 brasileiros concluintes**: 10 mulheres e 30 homens
Primeiro brasileiro: Abílio Couto – Ribeirão Preto/SP (uma vez em 1958 e 2x em 1959)
Primeira brasileira: Kay France – João Pessoa/PB (1978)
Ida e volta: Igor de Souza – 18h33min (1997)
Recordista brasileiro: Adherbal Treidler 8h49min (2015)
Recordista brasileira: Ana do Amaral Mesquita – 9h40min (1993)Junto com a Thaís Sant`Ana nessa façanha, uma equipe multidisciplinar, composta pelos profissionais da Samir Barel Natação, Meu Doc, Neuroesporte, Cia Athlética de Campinas e Instituto Recovery. A nadadora também é apoiada e patrocinada por Swimhaus, Rosa dos Ventos Cosméticos, Mania de Castanha, Z2 Foods, Shark Rebelion, Açaí Conexão Amazônia, Mana Poke, Kpaloa e Yopp.